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História

A existência do povoado da Cova surge em meados do século XVIII, quando pescadores oriundos das cercanias de Ílhavo, nas suas andanças pela orla costeira, na procura de melhores zonas pesqueiras, acabaram por se fixar junto á margem sul do Rio Mondego, muito perto do mar, na cava de uma duna, o que deu origem ao topónimo Cova.


As pesquisas feitas pelo ilustre covagalense, Comandante João Pereira Mano, revelam que o primeiro registo de um baptismo feito a uma criança nascida na Cova, na Igreja da Nossa Senhora da Conceição de Lavos, pelo Padre Cura Tomás da Costa, foi a 15 de Julho de 1793, de nome Luís, filho de Manuel Pereira e de Luísa dos Santos, naturais de Ílhavo, tendo os padrinhos a mesma naturalidade. Com este acto, ficou feito um assento oficial probativo da existência do povoado já habitado há alguns anos.

Inicialmente a povoação, era formada por palhoças de junco muito abundante nesta área. Parte delas ficavam desabitadas no inverno, normalmente muito agressivos, que tornavam a vida quase incomportável e agreste neste deserto formado por dunas, regressando alguns pescadores à sua terra natal, nessa quadra.


Com o decorrer dos anos alguns pescadores foram-se fixando irreversivelmente, mas situando já em lugar definitivo as suas casas em madeira, assente em estacaria, elevadas do solo, para que as areias das dunas, movidas pelos ventos, não as soterrassem.

Muitos criaram junto delas pequenos quintais, para algumas hortaliças, regadas por água de poços cavados nas areias, com pouca profundidade e sustentados por tábuas.


Com as invasões francesas e a ocupação do país, Portugal é auxiliado pela Inglaterra, seu aliado. Depois de serem criadas as condições militares necessárias, as tropas inglesas desembarcam, de 1a 5 e de 7 a 8 de Agosto de 1808, no estuário do Rio Mondego, na Figueira da Foz no lado do Cabedelo, comandados pelo General Arthur Wellesley, Duque de Wellington. Este, assumindo o comando das tropas luso -britânicas, impõe pesadas derrotas ao invasor francês, levando a que Junot tivesse que assinar a rendição em Sintra, com retirada do nosso País.
Ao que se consta, os pescadores da Cova tiveram um papel preponderante nesse desembarque, pela ajuda prestada com o seu trabalho e fornecimento de barcos.


É também por volta de 1808 que José da Silva Barreto, com as sua primeira companha, Os Luíses, todos naturais de Ílhavo, arribam nestas praias, contribuindo para consolidação da povoação e construção da primeira Capela de São Pedro. Mas é na administração do seu genro, Remígio Falcão Barreto que, devido à grande prosperidade das pescas, a terra se vai desenvolvendo e crescendo, tendo o povoado, em 1837, já mais de duzentos fogos e cerca de setecentos habitantes.

A Gala nasce anos depois quando estes pescadores se deslocam mais para nascente, junto ao braço sul do rio do Mondego, aproveitando as potencialidades que o rio lhes oferecia, saindo a barra em lanchas tipo poveiro para pescar, sardinha de melhor qualidade e pilado mais longe da costa. Construíram barracas ribeirinhas para recolha dos apetrechos de pesca e grandes armazéns de madeira para salga, conserva e comercialização de sardinha proveniente das artes da Cova e das lanchas, dando assim resposta à necessidade de escoamento do produto.
Os pescadores que se deslocaram da Cova para a beira rio, começaram a conviver com pessoas de outras culturas e vestir-se de uma forma diferente dos da Cova, muito mais elegante, o que originava alguns comentários dos seus irmãos da beira mar, que muitas vezes lhes perguntavam; “ó Zé onde é que tu bás tão de gala!” foi esta palra que deu origem o topónimo de Gala.


A construção de duas pontes sobre o rio Mondego, uma em madeira sobre o braço sul no local onde mais tarde foi construída a ponte dos Arcos e a da Figueira em ferro, da autoria do Engenheiro Francês Eiffel. A conclusão da estrada Real nº 58 em 1905, e a implantação dos Estaleiros Navais na Murraceira, contribuíram para um rápido povoamento da Gala.


Foi nesta localidade que se instalaram os carpinteiros, serradores, calafates, forjadores e homens de outras profissões que vieram trabalhar para os estaleiros navais, na sua grande maioria vindos do Norte do País.

Com a terra em grande crescimento vieram das áreas limítrofes do sul aqueles que montaram comércios, especialmente tabernas e mercearias. Todos estes novos habitantes se integraram com naturalidade na comunidade piscatória, tendo um papel fundamental para o seu desenvolvimento.

Este cruzamento de culturas só enriqueceu a História da Freguesia de São Pedro, que nunca poderia ser feita sem referir a importância do grande contributo que estes homens deram para a solidificação desta Terra.

Com o decorrer dos tempos, estas duas povoações foram crescendo ao encontro uma da outra, formando hoje um só aglomerado populacional a que nos habituamos naturalmente a chamar Cova Gala. Estas povoações, tipicamente piscatórias, com usos e costumes circunscritos e definidos pelo mar e pelas pescas. Primeiro com as artes de arrastar para a praia, que originou a fundação da povoação, depois a pesca do rio. A partir do inicio do século XIX, quando Portugal deu um novo incremento à pesca do bacalhau, a Figueira da Foz foi um dos portos que mais navios começou a enviar para os mares da Terra Nova, na busca do fiel amigo, levando a que gerações e gerações de Covagalenses, como Capitães, Imediatos, Motoristas e Pescadores, se dedicassem a esta profissão árdua e arriscada obtendo resultados notáveis, naquela que viria a ser considerada a Faina Maior. A partir da década de sessenta remaram para pescas em outros mares longínquos e começaram a emigrar para várias partes do Mundo, com maior incidência para os Estados Unidos da América, onde criaram na Cidade New Bedford, uma grande comunidade que têm contribuído para o sucesso de um dos maiores portos de pesca daquele País.

Na década de setenta, inicia-se uma alteração profunda provocada pela abertura social que o progresso permite.

Actualmente já não é possível caracterizar estas povoações como tipicamente piscatórias. A abertura do Hospital Distrital da Figueira da Foz, a implantação de várias industrias locais e limítrofes, o desenvolvimento do turismo devido ás excelentes condições naturais existentes, contribuíram para a fixação de um grande número de pessoas e proporcionou aos naturais mais novos a possibilidade de se empregarem fora do sector das pescas, originando profundas alterações tanto na área do urbanismo como na forma de viver.

A escolha de São Pedro, seu padroeiro, para nome da Freguesia foi por ser o mais consensual entre os habitantes da Cova e da Gala. Este povo, de origens únicas, que vivia outrora separado por uma pequena faixa de areia sem nunca assumir verdadeiramente onde começava uma povoação e acabava outra, nutriu ao longo dos tempos imensas rivalidades, muitas provocadas por bairrismos exagerados relacionadas com as colectividades e pelos seus ranchos folclóricos. Os jogos de futebol da Cova contra a Gala eram como se costumava dizer de faca na liga e raramente chegavam ao fim, mesmo um simples passeio de habitantes da Cova á Gala e vice-versa, ás vezes tinha consequências complicadas.

Aos ditos, com alguma maldade, dos habitantes da Cova para os da Gala “mais vale a Cova cagàla toda.” Ripostavam os da Gala – “cagála na tua boca é uma cidade,”esta prática que chegou a ser bem conhecida nas freguesias limítrofes passou de moda, as rixas frequentes foram-se diluindo com o tempo, estando hoje completamente desvanecidas, tendo contribuído para esse facto, a criação da freguesia com o nome de São Pedro, o verdadeiro elo de união deste povo.

ORIGENS


Os povoados da Cova e da Gala pertenceram, administrativamente, à freguesia de Lavos, até ao ano de 1985.

Em 1974, os habitante destas povoações apresentaram uma petição ao Ministro da Administração Interna solicitando a criação de uma nova Freguesia, fazendo, assim, eco de velhas aspirações anteriores ao 25 de Abril.

A 11 de Julho de 1985, em reunião plenária, a Assembleia da República decretou a criação da atual freguesia de São Pedro.

Decorria o ano de 1973, quando Manuel Pereira se deslocou a Lavos, com a sua mulher Luísa dos Santos e alguns familiares, para batizar seu filho Luís, que nascera havia quatro dias, no lugar da Cova.

O dia quinze desse mês prometia ser quente, mas a viagem, a pé, de três quilómetros, do lugar da Cova, primeiro pelas areias das dunas e cabeços, depois pela estrada que ladeava o rio até à Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Lavos, decorreu alegre e folgada. Chegada a hora aprazada, o padre cura, Tomás da Costa, batizou solenemente o recém-nascido Luís, cujos familiares eram de Ílhavo.

Este foi o primeiro batismo cujo assento regista um nascimento no lugar da Cova e, como tal, o reconhecimento da existência do povoado.

Anos antes, provavelmente entre 1770 e 1780, um grupo de pescadores, naturais de Ílhavo, constroem palhoças feitas de junco ao abrigo do maior médão a Sul da foz do Rio Mondego.

Lá ao fundo, a Norte, vislumbrava-se a vila de Buarcos e, mais perto e já bela, a recém nascida vila de Figueira da Foz. Era a promessa segura, com o Mondego ao lado e as terras de Lavos estendidas a Sul, do bom escoamento das pescas.

Como e porque se estabeleceram assim, na cava de uma duna, logo de cova foi apelidada.

O povoado de Gala, por seu turno, começa a tomar forma quando, vários anos após se terem instalado na Cova, alguns pescadores se deslocaram para Nascente e ergueram aí pequenas barracas ribeirinhas para recolha de redes e apetrechos de pesca. Foram-se erguendo, também à beira do rio, grandes armazéns de madeira para salgar, conservar e comercializar a sardinha proveniente das artes da Cova.

Na obra, As Freguesias de S. Pedro, Lavos, S. Julião e Buarcos em artigos de Buscador, o ilustre galense, Capitão João Pereira Mano regista que a Cova e a Gala estão, desde a sua origem, cultural e socialmente ligadas ao mar e o seu povo sempre viveu de forma intensa os dramas e glórias que o mar, na sua imensidão, proporciona. Disso são exemplo a ajuda prestada ao desembarque das tropas de Wellesley no Cabedelo, que contribuiu para pôr cobro às Invasões Francesas e aos naufrágios de bateiras no rio, de traineiras na safra da sardinha, ou ainda, de barcos de pesca à linha e mais tarde de arrasto, na longínqua pesca do bacalhau. Assim se perde no limbo do tempo a ligação do mar a este povo que deu origem ao povoado da Cova.

À Cova e à Gala, de antanho, se colou uma cultura marítima forte e persistente que ainda hoje, e apesar da inextinguível mutação dos tempo e das gentes, se pode apreciar e constatar em boa parte da população masculina da Cova-Gala. Desde as artes usadas no mar da Cova D’Oiro, passando pelas artes utilizadas no rio, pela Pesca do Bacalhau, pelo Cabo Branco, pela Marinha Mercante, pela Pesca da Sardinha, pelo Arrasto, pela Pesca Artesanal, a todas elas aderiu o homem de Cova e da Gala, ao longo do seu percurso. Também se deve considerar o elevado número de naturais da Cova-Gala que, ao longo dos tempos, se foram radicando nos Estados Unidos, como emigrantes e ligados às pescas na sua maior parte.

A denominação Cova-Gala atribuída à população destes dois lugares, não surge por acaso. Trata-se de um uso, já com alguns anos, dos seus habitantes que, acompanhando o percurso do progresso e as suas incidências no avançar das duas povoações ao encontro uma da outra, unindo o que outrora era separado por uma fina faixa de areia, cabeços e valados.

Já pertencem ao passado as rixas entre estes dois povoados, os ditos como os saudosos “Mais vale a Cova que a Gala toda” ao que se retorquia “ouvi dizer que a Gala na sua boca é uma cidade!”

Era impensável que, na atualidade, somente se detete e identifique um só povoado, espraiando-se do rio ao mar, num aglomerado de casas e habitações, e até as pequenas diferenças na entoação do falar, ou no jeito peculiar e gingão do andar das suas gentes, hoje, raramente se vislumbrem.

A tipificação da sua povoação tem sofrido, ao longo das últimas décadas, uma alteração no sentido do cosmopolitismo provocada pela abertura social que o progresso permite, não sendo possível caracterizá-la como população tipicamente piscatória com usos e costumes circunscritos e definidos pelo mar e pelas pescas, como acontecia até meados da década de setenta.

São várias as histórias, algumas verdadeiras, outras enobrecidas pela lenda, que contam os feitos heroicos dos homens e das mulheres deste povo que, lutando contra a adversidade e modéstia que a vida do mar sempre proporcionou, ajudaram a escrever um pouco da história de Portugal.

O seu habitat tem sofrido profundas alterações motivadas pelo aparecimento das indústrias locais e limítrofes, que vão originando a fixação de grande número de pessoas, construindo aqui as suas habitações. Lado a lado com as casas típicas casas térreas, pertença de pescadores, coexistem blocos habitacionais de três e quatro pisos e modernas moradias e vivendas.

Esta zona urbana é marcadamente industrial e portuária, com implantação de estaleiros navais, lota, porto de pesca e uma série de indústrias na Morraceira e Zona Indústrial da Gala sendo, também, de considerar o turismo que as excelentes condições naturais da sua costa e do rio proporcionam.

Da cultura popular, por outro lado, o professor João Coelho recolheu, em 1916, a lenda do topónimo Cova, através de uma entrevista com alguns idosos que aqui moravam. Segundo eles, “os pescadores, nossos antepassados, para evitarem rixas com os pescadores de Buarcos, costumavam vir pescar deste lado onde encontravam sempre grande abundância de peixe que depois lhes rendia boas moedas.
Alguns conterrâneos e as famílias de tão arrojados pescadores perguntavam a estes onde onde é que iam arranjar tanto dinheiro, ao que eles respondiam que tinham descoberto uma cova de oiro.

O êxito destes estimulou a iniciativa doutros que já não se contentaram em vir buscar o oiro à cova, que é como quem diz peixe, mas ainda fundaram uma coloniazinha que se desenvolveu e… também esgotou o tal oiro deixando-nos apenas a… COVA”.

É notório que São Pedro se tem desenvolvido, no decorrer destes últimos anos, encontrando-se atualmente dotada, em toda a sua extensão habitacional, de saneamento de águas residuais e pluviais e de uma moderna ETAR.

Existem na Freguesia vários e diversos serviços e estabelecimentos comerciais que dão resposta às necessidades da população residente e, aos que, por imperativos profissionais, diariamente aqui se têm que deslocar.

É nesta Freguesia que se encontram instalados o Hospital Distrital da Figueira da Foz, o Porto de Pesca e a Lota.

Os estaleiros de construção naval e de obras públicas no Cabedelo e na Morraceira, as unidades de exploração piscícola e a Zona Industrial da Gala a Sul da Freguesia, em progressivo desenvolvimento, fazem com que São Pedro seja uma das mais promissoras freguesias do concelho da Figueira da Foz.

No âmbito do setor das pescas, a instalação do Porto de Pesca e da Lota na Freguesia permite que toda a frota piscatória de longo curso tenha a sua sede social em São Pedro, que se fixassem aqui várias empresas de processamento de embalagem e congelação e que toda a venda do pescado seja feita nas modernas instalações da Lota.

A pesca artesanal representa uma expressiva atividade, de tipo familiar. O arrasto e a pesca de cerco, com as conhecidas traineiras, contribuem para uma boa percentagem de emprego dos pescadores da Cova-Gala.

O rio, de forma sazonal, contribui com uma parte dos proveitos das famílias de pescadores, provenientes da pesca da lampreia, do sável e do meixão, nas quais são utilizadas as artes do rio, como sejam as branqueiras, sávaras e peneiro. A apanha de bivalves, tipo amêijoa, berbigão e mexilhão, é outra das atividades que o rio permite.

Não será desprezível a quase artesanal arte de extração de sal na Morraceira bem como o desenvolvimento da atividade de aquacultura.

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